Conceituar Estratégia não é trivial. Se perguntarmos para os executivos, possivelmente vamos ouvir pelo menos umas 3 versões diferentes, alguns focando em metas e objetivo, outros sobre visão e missão ou ainda conjunto de decisões.

Gosto da definição do Michael Porter onde, Estratégia é um conjunto de diferentes atividades para agregar valor único. Envolve escolhas explícitas que posicionam a empresa no seu nicho de mercado, de modo a gerar uma vantagem competitiva.

A base para que se desenvolva a estratégia da empresa está na sua definição clara de Visão, Missão e Valores. Norteada nesses princípios é que uma estratégia é construída.

Podemos dizer que uma estratégia bem-sucedida passa por 3 etapas:

1.      Propósito da empresa bem definido, disseminado e praticado por todos: Missão, visão e valores devem ser de conhecimento de todos, garantindo-se o entendimento comum e comportamentos que reflitam esses princípios, principalmente por parte dos líderes.

2.      Escolhas estratégicas: Um processo decisório não é linear e requer múltiplas iterações que permeiam a organização nos níveis top-down e bottom-up. Um modelo que suporta bem esse processo é o da Cascata (Aninhada) de Escolhas de Lafley & Martin, do livro Jogar para Vencer: Como a estratégia realmente funciona.

3.      Desdobramento efetivo dos indicadores até o nível do indivíduo/tarefa: Muito comum nas organizações existirem indicadores e metas definidas que as pessoas que executam as tarefas não têm conhecimento e muito menos a noção do impacto das suas ações para a organização. Com o intuito de gerar essa conexão que o framework de OKR (Objetive Key Results) surgiu no Vale do Silício.

Não vou entrar no processo para se definir Missão, Visão e Valores nesse post, onde vou explorar o modelo de Cascata de Escolhas e o framework OKR.

O modelo de Cascata de Escolhas derivou das 5 perguntas inter-relacionadas que definem a estratégia de uma empresa:

1.      Qual é sua ambição vencedora? Objetivo e motivadores.

2.      Onde você vai jogar? Nicho ou segmento de mercado

3.      Como você vai vencer? Maneira que vai vencer no nicho ou segmento do mercado

4.      Que competências devem estar disponíveis? Conjunto de competências necessárias para vencer no caminho escolhido

5.      Quais sistemas de gestão são necessários? Os sistemas e indicadores que disponibilizam as competências e apoiam as escolhas.

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Fonte: Livro Jogar para Vencer: Como a estratégia realmente funciona

Uma vez definidas as dimensões da ambição, onde atuar, como atuar, competências necessárias o grande desafio se revela na dimensão da gestão da execução de todas essas definições: Definir indicadores e métricas eficazes e conseguir rodá-las em toda a organização de forma eficiente!

Balanced Score Card (BSC) tem sido uma das ferramentas mais difundidas para essa jornada e, no nível estratégico das organizações, se mostra bastante eficaz. No entanto “pivotar” métricas/indicadores e iniciativas, assim como levar o acompanhamento desses no nível de tarefa/indivíduo não é uma ação trivial. Nesse contexto, de necessidade de uma maior agilidade para inovar, ou ainda, dar respostas ao mercado no time to Market, que surge na Intel e se espalhou pelo Vale do Silício o sistema de definição de metas OKR (Objective Key Results). Várias empresas no Brasil já vêm adotando esse sistema. Minha primeira experiência foi na Gestão do PMI-Rio de Janeiro chapter, como Presidente, e hoje aplico em todas empresas que atuo no nível estratégico.

Objetives: descrições qualitativas do que deseja alcançar.

Key Results: Conjunto de métricas que medem o progresso em direção ao Objetivo. Para cada Objetivo, sugere-se um conjunto de 2 a 5 resultados principais. Mais do que 5 ninguém se lembrará deles.

OKR vem justamente para criar o alinhamento e para definir a cadência para a organização, garantindo que todos andem na mesma direção, com ritmo constante e prioridades claras.

A cadência e agilidade vem justamente devido ao OKR utilizar uma abordagem ágil. Os ciclos de metas são curtos, onde as empresas podem se adaptar e responder às mudanças mais rapidamente. As empresas têm utilizado como boa prática ciclos trimestrais.

Exemplo de aplicação de OKR em um time de futebol americano:

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Fonte: Betterworks

Com o princípio da transparência, a organização passa a ter a definição dos key results a partir dos times de forma colaborativa, o que naturalmente gera um maior comprometimento e engajamento.

Com a adoção de OKRs, os planos de curto prazo passam a liderar as mudanças no plano de longo prazo, potencializando a estratégia competitiva